No ano de 2006, um casal, tomado pelo amor de Deus e pela vontade de difundi-lo, prontificou-se a assumir a missão de apoiar famílias, inclusive pessoas em situação de rua, na comunidade Nossa Senhora Aparecida em Patos de Minas/MG, onde há vulnerabilidade social.

A premissa inicial fundamentava-se em aconselhamentos. Nos encontros, eram propostas reflexões acerca do amor ao próximo e da reciprocidade. Foi então que o casal iniciou um movimento para angariar recursos, ou seja, produtos, por meio de doações voluntárias.

Inicialmente, o trabalho de apoio era realizado nas ruas e de casa em casa, na referida comunidade, onde eram entregues cobertores, cestas básicas, alimentos não perecíveis, entre outros. Além disso, eram oferecidos aconselhamentos e reflexões sobre educação afetiva, social e emocional, com o intuito de contribuir para o conhecimento e a consciência de si e do próximo.

Havia uma preocupação especial com as pessoas em situação de rua, principalmente em períodos chuvosos e de clima frio. Nessas ocasiões, também incluíam a distribuição de sopas quentes, marmitas de comida, leite quente com pães, café, entre outros.

Todas essas ações estabeleceram um vínculo entre o casal e as famílias da comunidade, assim como com os voluntários que contribuíam de alguma forma com as ações. Afinal de contas, o trabalho voluntário gera realização pessoal, um sentimento de solidariedade e amor ao próximo, aliados à importância de se sentir socialmente útil. Nesse contexto, as próprias famílias da comunidade perceberam a essência do projeto, que se baseia em Atos 2:42: “E perseveravam na doutrina, na comunhão, no partir do pão e nas orações”. Compreendendo isso, as famílias entenderam que, para o projeto ganhar força e se expandir, era necessário o engajamento por parte delas, em um esforço mútuo, colaborando efetivamente.

Essa conquista foi uma realização única para os fundadores, pois a conscientização do papel ativo das pessoas na busca de soluções para os problemas relacionados à sua realidade e à sua comunidade é um dos passos mais importantes para consolidar o projeto Sementinhas.

Com as relações se estreitando com a comunidade, constataram-se novas demandas, inclusive de um público-alvo mais específico. Surgiu a ideia do projeto Sementinhas, direcionado para crianças e adolescentes, com a inserção de algumas práticas voltadas para as mulheres.

Dessa forma, em 2021, com muita dedicação e perseverança, o casal, que já praticava algumas ações nas garagens e salas das casas dos moradores da própria comunidade, assumiu a responsabilidade de alugar um imóvel para sediar os novos planos de ação, onde tem enfrentado desde então muitos desafios e dificuldades.

Nesse ano, havia em torno de 80 famílias cadastradas, dentre as quais 70 crianças de 0 a 11 anos, 31 adolescentes de 12 a 19 anos, 86 adultos até 59 anos e 27 idosos. A sopa, que antes era distribuída na rua, já alimentava 104 pessoas.

Com os números de pessoas cadastradas aumentando, agravou-se a necessidade de angariar recursos e voluntários para a missão. Visto isso, em 2022 houve a legalização do projeto com a formação administrativa e estatuto.

Contudo, a conquista de recursos ainda está em passos lentos e as dificuldades ainda são frequentes. Ressalta-se que as despesas fixas e variáveis para manter a sede e as atividades comunitárias que nela se desenvolvem, bem como as atividades que são desenvolvidas fora da sede, são subsidiadas, na maioria, pelo presidente. Este recebe ajuda esporádica de pessoas da comunidade e, às vezes, promove eventos para arrecadação, como, por exemplo, o brechó.